Vou dar aula de apoio ao “B”, é um miúdo tão querido, mas mesmo tão querido que sempre que me refiro a ele não consigo evitar um carinhoso “B…inho”. Tem síndrome de Asperger, o que significa em traços gerais que tem um mundo feito à sua medida.
“De uma maneira geral, os “aspies” (pessoas com a síndrome de Asperger) têm dificuldades na comunicação, dificuldades no pensamento abstracto e no relacionamento social. No que diz respeito à comunicação, podem falar com fluência, mas parecem não ligar às reacções das pessoas com quem falam. Além disso, têm dificuldade em entender metáforas, anedotas e entoações (frases como 'o gato comeu-te a língua?' ou 'isso para mim é chinês' podem gerar confusão).
Em relação às dificuldades nas relações sociais, ao contrário dos autistas 'clássicos', que normalmente estão ausentes e desinteressados do mundo que os rodeia, muitos “aspies'” querem ser sociáveis. No entanto, têm dificuldade em perceber sinais não-verbais, incluindo sentimentos traduzidos em expressões faciais, o que levanta problemas em criar e manter relações com pessoas que não percebem esta dificuldade.Outras características possíveis podem ser interesses obsessivos por determinados assuntos ou gosto por rotinas (por exemplo, insistirem em seguir sempre o mesmo caminho para a escola).”
O “B” é um miúdo aparentemente feliz, de bem com a vida e sempre com um sorriso contagiante. Faz-me perguntas desconcertantes que me deixam aflita e sem resposta pronta: “Porque é que me estás a pedir para fazer isto?”; “Porque é que disseste isso?”; “Porque é que estás a dizer que eles são tontinhos?”…
Tenho também, pela primeira vez, aulas com a “C” que tem Trissomia 21. Tem uma personalidade fortíssima. Falta sempre a uma das minhas aulas, vai para casa mais cedo. Nas aulas que assiste, nem me da hipótese de a conquistar, está sempre atarefada com as coisas dela, geralmente longos textos que vai escrevendo desorganizadamente, não consigo que se motive com as minhas propostas. Na última aula, fomos desenhar árvores para a rua, a “C” recusou-se terminantemente “Não posso ir para a rua porque tenho aula a seguir!” …não a consegui fazer sair da sala, fiquei 15 minutos com uma turma inteira ansiosa por ir para o exterior, sem poder por causa dela. Tive que pedir a uma funcionária que me ficasse com a “C”.
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Tudo isto para dizer que temos alunos muito especiais e que nem sempre estamos preparados para lidar com as situações. Apalpamos terreno e tentamos conseguir conquistá-los um pouco por intuição. O que pesquisamos na net nem sempre é suficiente para agirmos da melhor forma…fazemos os possíveis e os impossíveis por amor à profissão e a estes miúdos, será que estamos a fazê-lo da forma mais correcta???????
5 comentários:
Olá!
Só pelo facto de escreveres este post, mostras que te preocupas. Se te preocupas é porque queres fazer o teu melhor!
Por isso, sim, estás no bom caminho!
(Mesmo sem te conhecer, arrisco a fazer esta afirmação)
Bom trabalho
Bj
PS: Tenta não desistir porque estes miúdos já têm muita gente que desistiu deles!
Olá me!
Obrigada pelo comentário. De facto interesso-me e tento dar o meu melhor, penso sempre que um destes miúdos poderia ser um filho meu.
Bjo
Luisa
Esta frase fez-me imensa impressão:
"Tanto fizeram que ele chegou a intenções de suicídio na escola numa aula de ET, felizmente descobri as suas intenções e retirei-o da escola."
Não admito nem consigo sequer entender como é possível que gente adulta consiga agir de forma a levar um miúdo ao desespero.
Na escola onde estou os colegas tratam o Bruno com muito carinho e o Conselho Executivo já tem levado à escola, por diversas vezes, ténicos que nos "explicam" como lidar om crianças diferentes. Eu própria já fiz 2 acções de formação na área.
Sem querer falar do que não sei, acho que a Luisa deveria tentar uma outra escola onde, expondo francamente o caso do Bruno, o aceitassem de "peito aberto".
Gostava imenso de ser professora do Bruno. :)
Também tenho um filho adolescente a atravessar uma fase muito difícil, que se prolonga à 3 anos...já tentou o suícidio por diversas vezes.
Um beijo grande
Ana
Peço desculpa por tirar o comentário sobre o meu filho, mas teve de ser...não gosto nada que mandem em mim ou no meu blog, em como devo gerir e orientar o mesmo e a minha vida.
Estava a suceder isso e já antes o tinha fechado provisoriamente por causa dessas cenas. Agora suspendi comentários e apaguei os meus onde fale do miúdo porque estão em causa varias coisas. O me email: clubeautista@hotmail.com
Se quiser...falamos por lá.
Boa continuação com o #seu# Bruno.
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