23 de julho de 2008

É tudo uma QUESTÃO de MATEMÁTICA

Apetece-me escrever, só não sei é se me apetece partilhar…

coisas, fáceis, que temos a certeza que nos apetece dividir, por outro lado existem aquelas coisas, difíceis, de que nos apetece falar mas temos a sensação que o ideal seria subtrair (das nossas vidas) e não dividir…se calhar é tudo apenas uma questão de matemática.

A seguir ao rescaldo do meu divórcio, apesar de ter sido uma expressão da minha vontade, senti na pele as “agruras” da solidão, depois, a ginástica de ter de pagar as contas sozinha, a falta de um braço forte que me mudasse a bilha do gás e sobretudo a impotência para lidar sozinha com um pré-adolescente precoce. Foram tempos difíceis, de alívio por um lado, e de angústia, por outro.

A fase que se seguiu, foi assim como que um descobrir de mim, WAU, apercebi-me que ainda existia, que podia/sabia fazer coisas sozinha e talvez até melhor do que acompanhada, com a vantagem de não ter que me justificar perante ninguém. Senti de novo o que era a liberdade total, senti-me de novo MULHER inteira.

Quando finalmente me habituei a comprar o detergente do Lidl em vez do Skip, quando o meu filho finalmente se parecia ter conformado e apercebido na nossa nova realidade, de que não éramos três em casa, mas sim dois, não retirando por isso a qualidade do amor, mas sim a forma como este se passava a distribuir…quando deixou de me magoar no supermercado “parecemos uns miseráveis, temos que comparar os preços de tudo o que compramos”…quando os nossos nós se estavam finalmente a desatarBUMrebentou uma bomba e ele explodiu, o botão do on e off avariou, não conseguiu lidar com as mudanças que parecia já estarem instituídas com, o que eu julgava, toda a naturalidade.

Dei por mim de novo a deixar de ser eu e, desta vez, a passar a ser ele, respirava pelos seus poros e sentia a imensa infelicidade de não ter sido capaz, sozinha, de o fazer feliz.

Esta fase NEGRA durou cerca de dois anos durante os quais, literalmente, HIBERNEI! Descobri então que somos muito parecidos com as tartarugas ou os ursos polares, temos esta faceta escondida, abdicamos, inconscientemente das nossas vidas para só acordarmos quando desponta um raiozinho de Sol.

Há uns meses atrás, o filhote começou a melhorar e eu senti o tal raiozinho de Sol a aquecer-me a pele, estava tão partida, tão quebrada, tão fragilizada que precisei de um empurrão, um acaso feliz para conseguir “descongelar”.

Neste momento, a minha vida é de novo minha, respiro de novo pelos meus poros…lido bem com a mudança da bilha do gás, compro o detergente do Lidl com a maior leveza (passo a publicidade), consegui de novo amar…mas tal como às vezes, em situações constrangedoras, não sei o que fazer com as mãos, desta vez não sei o que fazer com o coração…como devo colocá-lo?
Arrumadinho do lado esquerdo do peito!? Deliciosamente desarrumado no lado direito!? Centrado, assim como quem está preparado para, a qualquer momento, se inclinar para um lado ou para outro!?

…Que difícil que é saber viver connosco!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Será que é tudo apenas uma questão de matemática???????????

(É que sempre lidei melhor com as letras!)

6 comentários:

Pronúncia disse...

Lindo!

Fiquei sem palavras...

Ana GG disse...

OBRIGADA!

LBJ disse...

Cada vez me convenço mais que se tivermos a coragem de pôr o pé no chão quando temos que dar um passo atrás, conseguiremos facilmente dar dois passos em frente.

Obrigado pela lição amiga.

(olha tenho que escrever calcu, tu escolhes as palavras né?)

forteifeio disse...

O texto está bom, as opções que tomamos são fruto das ponderações do momento, dizer o que se deve ou não fazer é um pouco complexo e dificil , pois como tu dizes nem tu saberás o que fazer

Ana GG disse...

LBJ

É mesmo esse o truque, termos a coragem de pôr um pé no chão para não sermos arrastados pela corrente.

Lições damos e recebemos todos os dias.
Obrigada!

Um beijo

Ana GG disse...

Forte

Claro que são ponderações de momento ou da soma de muitos momentos.
Receitas não as há. Vai-se vivendo e tentando saborear o mais que se conseguir, com os corações arrumados à esquerda ou à direita...
O essencial é mesmo gostar da vida.
E eu gosto. MUITO!


obrigada pela visita!

pessoal que gosta de estar a par destas andanças

facebokiANOS a par desta coisa