26 de fevereiro de 2011

vazios (ou contagem decrescente)


Já trabalhei 100% por amor…mesmo
O amor ainda não se transformou em ódio mas para lá caminha, caminha pelo menos para um sentimento de injustiça cada vez mais profundo, um cada vez menos “ensinadora” e mais secretária, gestora de papeis inúteis que se avolumam num faz de conta que são indispensáveis à melhoria do ensino. Medidos por volume de páginas…és tão mais eficiente quanto mais páginas produzires, quanto mais estratégias apontares, ainda que as estratégias não passem pelas tuas mãos porque os milagres, de facto não acontecem. Porque nem toda a gente foi talhada para este nosso sistema de ensino, porque há jovens que não se adaptam, não fazem sacrifícios, não conseguem aturar alguns programas secantes, que de tão extensos e inúteis não permitem abordagens mais interessantes. Há jovens que são uns “calões” e nesse caso não existem estratégias possíveis, os pais não sabem o que fazer, os professores desdobram-se nas ditas estratégias e os resultados, quase sempre são nulos. A batata quente está nas nossas mãos que por magia, temos o papel de motivadores. É quase como ressuscitar um morto, quase como fazer uma Páscoa no século XXI.

Depois temos as noites, quase sempre com trabalho trazido para casa, os fins-de-semana, cada vez mais, quase sempre, com trabalho trazido para casa.

Depois temos as “bocas”, que ouvimos quase diariamente, de que não fazemos nada, que passamos a vida de férias, que ganhamos rios de dinheiro.

Depois temos os amigos a achar que lhes fugimos em desculpas quando dizemos que não podemos, que temos que trabalhar.

Depois vamo-nos distanciando de tudo e de todos e a escola toma de assalto a nossa vida que deixou de ser nossa e passou a ser dela.

Depois ainda temos os baldas, que fazem com que se generalize a ideia de que somos todos assim, uns só férias, uns boas vidas…

Estou a iniciar um processo lento de saturação…estou com um certo receio que cresça, tanto, que me retire a réstia de amor que ainda tenho, porque sem paixão não consigo trabalhar! (ai que me conheço tão bem…)
Receio ainda que todos os “ensinadores” como eu, se desapaixonem e aí sim, vai ser um grande problema. 
Talvez então as pessoas se apercebam da falta que fazíamos quando ainda éramos uma classe apaixonada.

COISAS PARA REFLECTIR ou
talvez não…

4 comentários:

Margarida disse...

Como te entendo priceeeeeesaaaa!!!
Sinto o mesmo desalento, acrescido ainda mais pela espada que começa a cair lentamente sobre a minha cabeça...apontando um possível desemprego no próximo ano. Mas mesmo assim...afogada nos kms de papel e em todo o marasmo que se instalou nas nossas vidas...rumarei contra a corrente...mesmo quando cada vez mais já só consigo chegar à tona por breves instantes para respirar!

Ana GG disse...

Margarida

Pelo que observo e ouço, acho que este desalento se está a alastrar.

No vosso caso, as coisas ainda se tornam mais injustas. Eu esperei 9 anos para entrar para quadros de zona, agora, o panorama é ainda muito pior.

Dylan disse...

Essa "gestão de papeis inúteis e páginas" é paga? é que se não for será uma sirtuação grave a ter que ser repensada, a bem da tua sanidade mental e equilíbrio pessoal.

Ana GG disse...

Dylan

Qual paga, qual carapuça.
A minha sanidade mental nos últimos dias tem andado pelas ruas da amargura.

:/


obrigada pela visita!

pessoal que gosta de estar a par destas andanças

facebokiANOS a par desta coisa