Depois de uma quase directa em que tinha apenas dormido cerca de 2 horas a que se seguiu um dia de trabalho do mais aborrecido e entediante que se possa imaginar (enfiada numa sala de reuniões entre as 9 e as 19 horas)...
Depois de uma passagem rápida por casa para dar de comer à bicharada e refrescar o corpinho da dona...
Disse para com os meus botões "Agora sim, Ana, vais ter o que mereces".
Quase em estado de desespero, acabei por estacionar a viatura com as quatro rodas em cima do passeio, mesmo em frente à GNR. Resolvi que era uma oportunidade de testar a minha sorte e em simultâneo a capacidade que os senhores agentes da autoridade local teriam para se solidarizar com os desgraçadinhos que querem apenas assistir a um Festival para o qual são vendidos milhares de bilhetes sem que a autarquia tenha a preocupação de providenciar áreas de parqueamento.
Atrasadérrima para o concerto principal (que não fazia tenções de perder por nada deste mundo) e com uma fome de loba uma vez que os carapaus grelhados e a saladita do almoço já soavam ao estômago como coisas de um passado longínquo, avancei de peito aberto para a monumental fila da entrada a rogar pragas e a dizer mal da minha triste sina.
Como sou uma mulher prevenida já tinha comprado previamente o bilhete, o que me valeu não só uma entrada directa no recinto sem passar pela casa da partida, como o olhar raivoso dos centenas de infelizes que engrossavam a fila.
Depois da dificílima prova superada, revi mentalmente as próximas etapas:
1º Ir de imediato à tal ruazinha, comprar os ténis às bolinhas coloridas pintadas à mão, que tinha deixado encomendados na 4ªfeira e que, por falta da verba que tinha sido gasta estupidamente, ou não, em álcool, não tinha podido trazer. O plano era deitar fora rapidamente, os chinelos a cair de podre que levava calçados já a pensar nos outros, todos "pipis" que eram indiscutivelmente "a minha cara";
2º Dirigir-me a um tasco e comer alguma coisinha que me fizesse silenciar a fera que se instalara no estômago e simultaneamente o aconchegasse para as imperiais que me acompanhariam ao longo da noite (única bebida que me deixa alegre, sem que me sinta mal disposta ou alcoolizada em 3 tempos, com a vantagem se ser muito mais barata e a desvantagem de me colocar nas filas do WC de hora a hora);
3º Encontrar os amigos A e L, cada qual não sabia bem onde e no meio da imensa multidão. Esperançada que estariam atentos aos telemóveis que não se ouviam entre a algazarra e agitação;
4º Chegar perto do recinto do palco onde actuavam os Buena Vista Social Club, no mínimo antes do concerto ter acabado.
Tudinho!!!!! Superei todas as provas com distinção e rapidez. Convenhamos, quem é bom é mesmo bom…ehehehehe…
Ora bem, vamos lá pôr alguma ordem nisto antes que me perca em divagações que me afastam do essencial…
Lá fomos finalmente para o palco da Cerca (o meu preferido), assistir ao concerto dos desconhecidos espanholitos de Huelva, Pitingo.
Foi sem dúvida o ponto alto da noite! Ri-me tanto, mas tanto, que só faltou rebolar-me no chão agarrada à barriga. Dancei tanto, mas tanto, que senti que a minha dívida à prática de exercício físico dos últimos meses, ficou saldada por igual período.
Resultado, tornei-me uma fã incondicional da banda, em particular do vocalista que é uma personagem quase irreal de levar qualquer mortal às lágrimas e que baptizámos carinhosamente de "Petinga", por ser pequenino como a sardinha se quer. A música é um misto de flamengo com soul, com letras de músicas conhecidíssimas traduzidas para castelhano. Das personagens que compunham o coro destacava-se um espécime masculino que actuou sempre com um ar aflito, esterlicadinho e de rabo espetado como se guardasse religiosamente um qualquer objecto alongado no ânus. Havia também um negro ENORME londrino, sempre de óculos escuros, que cantava e dançava flamengo como se o fizesse desde que saiu do ventre materno. Nem imaginam a sensação, foi assim como o anúncio do restaurador Olex, lembram-se, "Um branco de carapinha e um preto de cabeleira loira"?
O pessoal, malta imberbe e quarentões descontraídos, dançava e cantava como se o mundo fosse acabar naquele instante.
E assim acabou a odisseia.
Para o ano
há mais!
15 comentários:
Graaaaaaaaaande post!
Ainda bem que te divertiste... faz tão bem à alma, não faz?!
Sapatilhas com bolinhas coloridas?! Não sei porquê, mas acho que também ia gostar ;)
Estava eu a preparar-me para uma sexta-feira calminha, a curtir aqui a minha casota e olha... também tive direito a saída e a noitada!... não há fome que não dê em fartura!
Bom sábado :)
Pronúncia
É tão grande que tenho a vaga impressão de que ninguém vai ter pachorra para o ler na totalidade.
Se faz! Diverti-me TANTOOOOOOOOO
As sapatilhas são mesmo giras, ias gostar de certeza.
Espero que também tu tenhas gozado a noitada.
Afinal nós merecemos...somos boas "mocinhas" ;D
Bom fim-de-semana
Beijinho
Ana,
Eu li todinho e com muito gosto, que não tenho nada contra longos posts. :) Boa noitada - sabe sempre bem. Eu nem falo, nem escrevo, sobre a minha inesperada "noitada", que estou farta de misérias, e ainda fiquei cheia de inveja de teres assitido aos Buena Vista Social Club... Adoro simplesmente e vi ao vivo o ano passado na Ericeira. Não me importava nadinha de rever.
Princesa
Não tarda nada vais tu tirar a barriga das misérias (ou será a perna).
O Verão começou e não faltam oportunidades de diversão.
Foi uma noite como não me acontecia há muito tempo.
Também adoro os Buena Vista!
Os "Pitingo" foram uma lufada de ar fresco, divertidíssimo!
As melhoras e uma beijoca
Grande farra.
Ah pois é, bem giro o post.
adorei a música do Alberto Iglésias, que tinhas recomendado.
Depois de tantas voltas para estacionar, valeu a pena a noitada e isso é que interessa.
Forte
Por acaso foi uma noite memorável, valeu bem a pena o esforço :)
Ainda bem que gostaste do Alberto Iglésias.
:)
Ò marafada então eu já não tinha postado uma música do Pitingo, fiquei cá com uma inveja da tua odisseia, bom para o ano de certeza que estou ai caido :)
LBJ
Olé, olé...Pitingo é que é!
Fiquei fã incondicional.
Quando é que colocaste uma música dele que eu não dei por nada?
Para o ano estou de novo lá caída. Já vou há 3 anos.
Lá te espero!
:)
E eu é que sou distraido ;)
http://littleboyj.blogspot.com/2009/05/libertacao-de-palavras.html
E tu até foste a única que comentaste :P
LBJ
Caramba, como isto anda...está visto que a idade não perdoa.
Quando os "conheci" na sexta-feira foi como se os tivesse ouvido pela 1ª vez. Não relacionei. É esta minha mania de não ligar a nomes. É ouvir, gostar ou não gostar...que básica me saí! ;P
LBJ
Como é que os descobriste??????
Por isso gostaste à primeira, já tinhas ouvido ;P
Por esta altura, já sabes que tenho um "amigo", agora "companheiro de quarto" que me visita quando lhe apetece, conhece tudo quanto é fauna, foi ele que falou do Pitingo :D
LBJ
Talvez...
Olha, cá para mim as Guiness tinham alucinógenos!
Tu e o teu companheiro imaginário...hummmmmmm
Não sei se tinham alucinógenos, se calhar tinham :) Mas olha que eu não era grande apreciador e fiquei rendido, cada uma tinha 600 ml e aquilo bebe-se tão facilmente e não deixa grande marca, nem peso :)
O meu companheiro imaginário está cheio de ideias, enquanto se portar bem eu dou-lhe corda :)
LBJ
Nunca bebi, mas parece-me bem...
Aguardo as investidas do teu amigo.
;)
Enviar um comentário