
De bom, que bom, tão bom…este tempo traz-me de volta o
telheiro das traseiras. Se me interrogasse sobre a minha zona de conforto
espiritual, seria sem dúvida o meu telheiro nas noites quentes.
Fico-me por ali, esquecida do mundo, lembrada de mim. O
silêncio não me incomoda pois não sou dada a solidões completas, tenho sempre
um cão ou um gato com quem quebro os silêncios de fora. Por dentro a cabeça fervilha
em constante espiral e martelares de inquietações ora boas ora más, ora porque
sim, ora porque queria que não mas outra vez sim.
A frase escrita em castelhano ‘Lo siento. Perdon.’ que me ‘LIXOU’
talvez por isso mesmo, porque tinha pelo menos de ser em português, ou porque tinha
antecipadamente de ser escrita por mim, em vez daquele ‘Vai-te fecundar
(terminado em er) ó espanhol!’….e a Espanha que parece que me está colada aos
poros nos sons, nas cores, nas histerias da língua. Sem sofrimentos de maior,
pelo menos que se notem, só mesmo para me atazanar as calmarias…
Os sulcos na cara que me ferem os pensamentos e me magoam as
idas ao espelho insistindo contra a minha vontade em recordar-me o que não me
apetece agora…
A osga na penumbra da parede, que me parece um dragão que se
recusou a crescer…
A hortência no vaso que ressuscitou os verdes passados três anos…
As saudades das conversas regadas de outros Verões, sempre ali…
A vontade quase sempre de escrever para mim ou para quem
quiser apanhar, infalível nas tardes ou noites de telheiro…
Tantas coisas, tanta coisa, tantos eu por dentro que me saem
para fora ali no meu telheiro santuário das traseiras, nem muito feio, nem
muito bonito…apenas tão mágico e sobretudo tão só meu que todos os que por lá
passam são apenas inquilinos, embora não saibam.
2 comentários:
Excelente !
Obrigada, Fox!
;)
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