Tenho que me apressar, não vá o Diabo tecê-las!
Aqui nas minhas redondezas, que isto é sítio dos bons, daqueles a que se tem tudo o que é de direito, embora não pareça assim à primeira vista, existe um snack-bar, o "Agapito", que merece honras de destaque.
Posto isto, prevendo que a situação possa mudar de figura e enquanto se mantém O Agapito das Bifanas, sem mexidas modernistas, minimalistas e tantas outras coisas não menos istas que agora não me ocorrem e que os herdeiros do Agapito poderiam aplicar ao estabelecimento, antes de começarem a comercializar bifanas gourmet, vou passar à redacção sobre o dito cujo.
Pois bem, o Agapito fica à beira de uma estrada e é frequentado, sobretudo, por nativos da zona (posso até avançar que têm mesmo ar de nativos da zona, se é que me faço entender), que num ambiente entre o tasca rasca e snack-bar moderníssimo de 80, com tecto falso todo ele em quadriláteros que outrora de alva brancura, sucumbiram ao fumo do tabaco - pois sim, que no Agapito pode-se fumar! - se enfrascam de aguardentes incolores, medronhos espessos e copos de vinho variados, que vão desde o branco ao tinto (...piada seca, admito). E bebem e bebem e bebem, conversam um bocadito e voltam a beber e a beber e a beber...e às vezes desconversam e pronto, assim se passa o tempo no Agapito.
Por vezes lá entra uma mulher (entenda-se gaja, para os nativos)muito à cautela, para comprar as famosas bifanas com segredos de receita, gulosas e salvadoras de almoços preguiçosos...nas quais me incluo!
Também é frequentado por grupos de estrangeiros residentes, amantes do very tipical e pouco dados a esquisitices. Sentam-se na esplanada com vista p'rá estrada e bebem compais entremeados de imperiais. São já conhecidos da casa, recomendados por outros cámones amantes das portugalices.
Enquanto se espera pelas encomendas, nos bancos altos do balcão, não se desespera porque os olhos ficam sem mãos a medir, porque há as rifas de chocolates, o Pikachu de porcelana dourada chinesa, as conchas variadas, o Pai Natal de peluche e os azulejos com dizeres parvos e cómicos e cómicos e parvos...ai os azulejos que são uma autêntica perdição! "A minha sogra é uma santa, só é pena não estar no céu", ou ainda "Nesta casa só se fia a maiores de 90 anos, acompanhados pelos pais".
Caramba...como gosto do Agapito das Bifanas!